domingo, 10 de fevereiro de 2013


A FALTA QUE ME FAZES


Alguém um dia atribuiu a palavra amigo à(s) pessoa(s) que nos complementam. Aos que dão, aos que tiram, aos que marcam, aos que se resignam, aos que dão esperança, aos que se resumem a episódios efémeros, e simplesmente aos únicos que dão a vida para nos terem.

Sem explicação racional, ele percorre um labirinto, uma justificação, porém ela não existe. Numa peça diferente das restantes, o dominó ganhou nova direcção, uma injecção de confiança suplementar, o alguém a quem designou “amigo, irmão e, igualmente, pai” acrescentou nele um semblante de magia, carregado pelo olhar, pela protecção, pelo laço que os uniu. Se não há explicação para o inenarrável, então torna-se ainda mais complicado decifrar tamanha relação.

Amigo escreve-se com “A” maiúsculo, quando aquele que banalmente o acompanha na sua rotina decide acrescentar momentos de vitalidade, suportar a sua dor, a sua ira, a nostalgia suprema, e que é capaz de o reverter em algo diferente do imaginável. Ele está lá para o trazer, a partir de um oásis escondido no vazio, de regresso à superfície.

 Mas a redoma não é feita de chumbo e os vidros que a cobrem, simplesmente se  partem com a mesma facilidade a que se juntaram. Num rasgar de surpresa, aquilo que foi  alegria exacerbada, se dilui em mágoa, e doravante tornar-se-á uma saudade dissolvida pelo tempo.

Um pequeno segredo: devemos guardar sempre o melhor daquilo que nos dão, o pior foi só uma falha, com maior ou menor sofrimento. As feridas saram, a cicatriz fica, mas os momentos de extrema exultação, ninguém nos tira da memória.