domingo, 27 de janeiro de 2013


POUCOS ESCAPARÃO DA BARCA DO INFERNO    

       O Homem é cruel todos os dias, sedento de poder a cada minuto que passa, mas a habilidade que o domina é diversa e curiosa. Há os que se aproveitam da bondade alheia, os que se deliciam com os bons amigos, os que conservam paixões para a vida, e simplesmente os que desejam amizade eterna há procura de um “porto seguro”.

         Hoje em dia, o que nos surpreende é a maneira ardilosa como o ser humano procura saciar a sua sede. Nós não existimos para sermos felizes, apenas para disfrutar da sorte do destino. Aquilo que objectivamos é a vida mais tranquila possível, porém no final da corrida só restarão as cinzas envelhecidas pelo tempo. Os que desejam amar, e viver recolhidos pela sombras conseguirão somente recolher mais sangue lacrimal do que os restantes. No  término dos seus dias, a busca por uma “vida feliz” custou aos românticos o opúsculo da nostalgia.

         Restam os obstinados pela avareza e pela volúpia, a esses o destino encarregar-se-á de os premiar com a sorte grande ou a barca do inferno. Os que nasceram para morrer, os que vieram para disfrutar das suas maravilhas. Afinal, só há espaço para “meia dúzia”... a vida é a ingratidão, mas igualmente a satisfação para os minoritários.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VIVER COM O ABRAÇO DE ALGUÉM


A última noite a dormir cerrado num cubículo, coberto de cobertores imundos, de um cheiro nauseante, conspurcado pela roupa suja, e os dejectos de dias. Um cenário medonho, em que o cheiro ultrapassava em muito o que a vista tinha de suportar. 

Com um sorriso de escárnio relembrou o momento que o tinha levado para a prisão. A mulher carregada de volúpia, de semblante frio, transportando um ódio incomensurável pelo seu filho. Aquele que ele mais amava, a mais bela das "damas negras" fez questão de rasgar a sua felicidade, a sua justificação de vida. Preso por 11 anos, por homicídio qualificado, o homem de barba grisalha, mãos rudes, com peito peludo e tonificado, guardava para si o sangue do filho a esvair nos seus braços, e o sarcasmo da sua vingança.  Sem contemplações, ele massacrou-a, torturando-a lentamente, para que o seu gemido se prolongasse o mais lentamente possível. Para que cada lágrima escorrida, cada grito de suplício, cada pedido de ajuda fosse cada vez mais prolongado de misericórdia. A sua dor foi contínua até ao último pedido de sacrilégio. O Diabo levou-a para o quinto dos infernos, porque ela saiu do mundo queimada pelas chamas da vingança. De um pai enfurecido, de um pai recheado de ira, de um pai a quem tinha sido retirado a sua explicação de vida. 

Ele saiu do Estabelecimento Prisional, e com a trouxa presa no seu braço, caminhou pelo passeio sem direcção, com um destino ainda por descobrir. A 500 metros de onde se encontrava, parou diante de um jardim infantil. Os seus olhos voltaram ténuamente a brilhar. Onze anos depois, debaixo dos primeiros flocos de neve que começavam a cair, ele viu um motivo para sorrir. Aproximou-se de um baloiço, sentou-se, e de forma ritmada colocou-se em andamento. As suas memórias recuaram em direcção ao rosto, à gargalhada barulhenta , à correria desenfreada de seu filho... 
Os ponteiros do relógio giravam velozmente, e sem dando por isso ficou envolto pelo frio gelado da noite que se iniciava. De repente, e convicto de que era uma miragem, a criança que baloiçava a seu lado parou, e dirigiu-lhe a mão. Timidamente, o miúdo perguntou: "O Senhor precisa de ajuda?". De lábios gretados, suas mãos estavam roxas, o seu rosto coberto de feridas, e as suas forças nem o permitiam colocar-se de pé. O homem não conseguiu responder, e simplesmente, chorou. Só as suas lágrimas conseguiram socorre-lo sob aquele pedido de ajuda.

Desconsolado, o homem ficou ali, quieto, não se movendo, a noite cerrou, e o seu futuro estava certo. Cada vez estava mais próximo de abraçar o seu filho.




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Qual é o preço a pagar para ter quem se quer?


"Aquele cheiro que percorria o seu corpo, a estranha sensação de prazer que o deixava cada vez mais entrelaçado, suscitava a dúvida e cobria-o de repulsa. Ela penetrava no seu olhar, e apenas observava os seus ruidosos orgasmos esvaírem-se como notas musicais. A canção a chegar ao fim e nada do que se tinha ali passado o deixou sequer perturbado, ou encoberto numa sensação súbdita de alegria. O seu pensamento percorria outro corpo. Na clandestinidade ele observava o seu rosto, acariciava a sua pele, tendo a sensação pura e única que aquele momento haveria de chegar."
(...)



A Dor de Sentir - Os Sete Casos de Charles Levy

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vagabundos à Solta


"O frio aperta, a roupa já não o aquece, e ziguezagueando pelas pedras gastas da calçada caminha sem rumo, sem destino...
O alcool já não o consolava, as conversas resumiam-se a palavras banais, o sonho transformou-se num pesadelo real."

O que leu aqui foi um desabafo de um sujeito depressivo, sem paixão por ele próprio, e pela vida que o rodeia. Nada disto faz sentido. Quem decide o futuro deste rapaz moribundo? Ele próprio, se quiser acordar a tempo.

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A roleta parou de girar. A sorte ou azar decidia-se no próximo minuto. Ela caiu de rompante, após ter sido afirmada a sua sentença. O desespero, as palavras de revolta, o seu absoluto transtorno transformou-me num soluçar constante. A sua noite terminou: caída numa sarjeta, sem uma solução à vista.

A rapariga que decidiu confinar o seu destino ao jogo, acabou presa na sua própria armadilha. A última tentativa de vitória desaguou numa redoma de escuridão.

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A última história é diferente das restantes. O final não termina numa missão suicida, nem no cadafalso, nem num mísero capítulo depressivo.

O rapaz, encolhido pela sua timidez, estava cercado de alguns amigos, mas sobretudo pessoas desconhecidas. Numa conversa sem nexo, ele foi-se libertando, e desafiando os restantes para se aventurarem num jogo. Mas o perigo do jogo levou a que apenas restassem dois. Confrontados pela sua valentia, aventuraram-se num labirinto sinuoso. Um caminho com duras consequências. Perante o desastre, a ilegitimidade das suas acções, o medo apoderou-se dos seus corpos. Apesar de gostarem de ser desafiados, eles fugiram velozmente, sem destino em mente.

Apesar da gravidade do acontecido e do arrependimento, eles tiveram a maior prova de amizade: mesmo no crime, eles estiveram juntos. Tudo valeu a pena.




quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A Água da Vida

Hoje, ao vislumbrar as garrafas que estavam expostas simetricamente no armário de vidro, fiquei com o meu olhar preso a uma bebida em especial. Olhei para a televisão, um par de vezes, mas incontornavelmente a minha atenção voltava-se para ela. Situada estrategicamente a garrafa de vodka branca consumou por completo o meu pensamento.

Levantei-me, peguei-lhe e pensei - pareces tão simples, tão ingénua, tão pura e cristalina, mal sabe o provedor a tua verdadeira intenção. Com um elevado teor alcoólico, a inocente "água da vida" pode transformar os nossos neurónios em cinzas, segundo, evocar aquilo que nós não desejamos, e por último, dizer verdades proibidas. Aquelas indesejadas e incovenientes, e para piorar acabamos por revelar "o que não se deve", à pessoa mais escabrosa que nos aparece pelo caminho.

Enfim, mas regressemos ao ponto de partida: eu peguei na garrafa, abracei e disse que a amava. Não, não não ... nada disto ... POR FAVOR NÃO! O meu amor por bebidas alcoólicas é grande, mas não supera a minha paixão pelo sexo! Ora vejamos com um copo de água  à minha frente. Água, sim, mas da vida!  Pousado na minha cabeceira, lá está tão cálida e transparente, de forma inocente e dissimulada.
O que os olhos veem, o paladar sente a dobrar, mas as nossas lembranças, o nosso passado, o pior de nós não se dilui com um simples "copo de água".
Mais do que uma vodka, a vida precisa ser encarada de frente, mas também já alguém afirmou que a água que sai pela torneira cura alguma ferida?!

Por isso... (o próximo capítulo desta história é um degredo!)



terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O INEXPLICÁVEL NÃO SE EXPLICA

 
Percorrer as mesmas ruas tornou-se entediante. Ver lojas a fechar a cada dia que passa ficou recorrente, mas nunca desistiu de fazer o mesmo caminho. 
Numa das suas tradicionais jornadas o homem de cabelo farto e espesso, de olhos cinzentos e pele bronzeada, encontrou uma inequívoca razão para travar a sua marcha. Diante de si uma mulher elegantemente vestida espreitava, minuciosamente, para o interior de uma ourivesaria fechada. Ele aproximou-se, estrategicamente, e ficou atónico a olhar para o vidro, tentando captar o reflexo da jovem mulher.

Subitamente, ela abriu a velha porta que rangeu de tanto desuso. Com os seus sapatos de cor escarlata, cada passo que dava era o aproximar sorrateiro do homem musculado e seco. Os seus olhares encontraram-se numa sala anexada ao balcão de serviço da loja. Numa espécie de escritório, com poucos metros de espaço, aquilo que apenas se via passou a ser tocado. Aquilo que parecia ser uma primeira vez cambiou para um reencontro. Jamais trocaram uma palavra, mas continuamente ao longo de dias, semanas, e meses, a atracção tornou-se descontroladamente inexplicável.

Sem razão lógica os seus braços fortes, e as suas mãos rudes, foram de encontro aos seus joelhos esculpidos em linhas disciplinadas . Em movimentos vorazes o seu vestido subiu trepidantemente. Ela, com suas mãos suaves e uma textura de pele agradavelmente doce, apoderou-se do seu corpo. Os seus dedos percorriam e puxavam de forma contínua os seus cabelos. E numa altura em que gemiam e aclamavam a sua conquista, os dois foram exauridos de corpo e alma. Os seus longos cabelos descolados para trás da secretária, sua boca encostada à dele, seus corpos humedecidos pelo prazer, e sem pronunciarem uma única palavra, alcançaram um oásis inexplicável. 




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Não há solução para deixar de amar

Quando alguém erra deve surgir o perdão. Quando alguém suspende o sorriso deve surgir um porquê. Quando alguém chora ... é ...  abraçar a pessoa fortemente, e esquecer tudo o resto.

Amar implica prescindir dos nossos ressentimentos, e dos erros que o outro cometeu. Quando se ama de verdade prescinde-se da memória, e eterniza-se o voto. A ligação não é eterna, mas dificilmente o sentimento desaparecerá, apenas ficará suspenso no tempo.

Amar alguém implica entrega total, sem pensar no dia de amanhã. Não interessa o que temos de fazer, a sua felicidade está sempre acima da nossa. Ligado a uma pessoa significa pensar nela a cada minuto que passa, quando o seu nome se sobrepõe a tudo o resto, quando desejamos fazer tudo por ela, quando existe apenas uma solução, e a única opção é salva-la.

Pode amar-se mais do que uma pessoa. Sim, claro que se pode. Há solução: só para as ajudar e estar lá sempre que elas desejarem. A separação acaba sempre por acontecer, mas o sentimento nunca desaparece. Mesmo que nós queiramos, o nosso coração não obedece.

Lá está, a dor de sentir...
Amar é inexplicável ...


Dia após dia, a menina de olhos castanhos, cabelos claros e encaracolados, se sentava naquele banco há mesma hora, no exacto local onde viu partir quem mais a queria. Não perdeu a esperança no regresso, na vinda do tão desejado... Mantinha o mesmo olhar, distante e focalizado no horizonte.

Onde habitualmente se sentava via idosos de mãos dadas, ouvia gargalhadas, crianças a brincar, gaivotas a sobrevoarem os céus, o mar revoltado numa luta contra si mesmo, e no fim guardava o estalido das ondas nas rochas, cada vez mais decalcadas pelo tempo.

Ela permanecia quieta no seu porto de abrigo, mantinha a rigidez do seu rosto, não soltava um sorriso, um suspiro, nem simplesmente uma palavra de revolta ou alívio. Dias, meses, um ano passou. As pessoas já não eram as mesmas, o sol escondia-se envergonhado, a noite trazia consigo o frio que a arrepiava, e que a fazia relembrar. Ouvia a música, sempre quando o sol se punha. A mesma música, todos os dias sem excepção. As suas mãos gelavam, os seus dedos mal se sentiam, a sua boca carregada de feridas, e os seus olhos começavam a brilhar cada vez que a ouvia.

Sem cansaço, sem dor, sem nostalgia, aquele momento trazia-o de novo à memória. Relembrar as sombras, a imagem que a fez feliz, a música que os unia, as suas últimas palavras de felicidade. Ela sorria timidamente, contra a força de seus dentes que tilintavam, e cada vez que a letra chegava ao fim somente via pequenas lágrimas a escorrer pela face que ,sorrateiramente, o vento se encarregava de as levar.

Aquilo que ela não exprimia, a canção dizia. Após o dia da sua partida, ela relembrava-o. A esperança mantinha-se, e sempre no mesmo local, ela esperou ansiosamente pelo seu regresso.

sábado, 5 de janeiro de 2013

KAISER 69


Antes demais pare... sim, pare de pensar! A sua mente é descontroladamente sexual. Mal vê este número, um virado para cima, outro para baixo, pensou na mais sensual posição de encaixe. Sim, e não minta porque no recôndito do seu pensamento você já se estava a imaginar a fazer tal coisa!... BEM PAREMOS POR AQUI! Nunca gostei de desvendar os detalhes, sabe... não é para me gabar, mas quando alguém está satisfeito com o que tem, não precisa de saber o que se passa em casa alheia, neste caso em lençóis alheios! 

Recuemos, façamos de conta que está a ouvir a Marta Crawford falar de sexo (ou pelo menos a tentar), entra o Henrique Feist e começa a fazer dobragens, e para completar o cabaz tem Gisele Bündchen de um lado e Leonardo DiCaprio do outro. Com isto, você ficou a pensar várias coisas: "ok, este tipo é chanfrado, e já não consegue medir o seu juízo", "falar de sexo é o seu hobbie" (É mesmo, BINGO!), "vou-me embora, não estou para ficar acéfalo" ...

Já acabou?! Já chega de críticas? E agora sou eu que me interrogo: quem me diz que você não foi ao google, agora mesmo, procurar imagens da Gisele ou do Leonardo, e a esgotar o stock de papel que tem ai em casa?? Ah pois, não gostou das ofensas! Então, pare, não pense, mas continue a ler (se o meu cérebro estiver acordado, agradece). Você já imaginou o que seria ter o corpo da Bundchen, com a cultura geral da Marta, e a voz gutural do Feist! Bem, mil orgasmos nem chegariam para chegar a 2014 em carne e osso! Antes de mais "gutural" - voz rouca, grave, imponente... (o Feist disse que me punha a cantar junto à Bela se eu dissesse isto...). Enfim voz, belas mamas.... Corrijo! Belo corpo, belas curvas (esperem aí, vou acender o ar condicionado, está a ficar muito calor aqui) ... com a voz do Henry e as conversas da Crawford MAMMA MIA! 

Esperem lá o DiCaprio? Afundou... Esperem ai, que eu vou lá busca-lo! ... Por favor não me molhes o chão, foi limpo recentemente e eu não tenho culpa que nos filmes do James Cameron não haja lavagens a seco! E por favor, VESTE-TE! Bem com este as senhoras poderão derreter-se (o tipo está gelado... não sei como o vão tornar num vulcão!?), os senhores, enfim, podem brincar com o que têm colado ao corpo (há que respeitar a diversidade), os hermafroditas (os ou as ? ... bem isso agora também não interessa!), bem esses nem têm tempo a perder, com a pluralidade de tecidos que compõem os seus criativos corpos! Sempre na brincadeira, malandros... 

Bem, mas se preferirem, e para não deixar ninguém de lado, as Virgens Ofendidas e os Sobredotados poderão ficar com o Marcelo, o Cavaco, e a Odete Santos ... Serão bastantes intelectuais, na Assembleia vão arrasar, na Tv vão curar tantas insónias... e na cama!... Bem... falemos para a semana, agora vou pagar os meus honorários à Gisele!