segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Porque o amanhã não será ontem...


As palavras que foram ditas, a recordação do último olhar, a despedida voraz , o tudo que se tornou opaco. A dor se dissipou, porque ninguém tem o condão de nos roubar. O  que um dia foi esperança, o ontem ditou ódio, o hoje transforma em lembrança desagradável, o amanhã te levará para outro lugar.

A depressão que culmina num perdão vulgar, o que outrora se julgou infinito tornou-se efémero. O que foi solução dissipou em desilusão. Porque a promessa muitas vezes é um desaire.

Mas o mundo gira, e o tempo molda a carne humana. O pensamento varia, há decisões que deixam de ser irreversíveis, há histórias que podem ter um fim, e se quisermos há forma de tirar partir partido da queda, e transforma-la num sucesso.

Porque a felicidade começa em nós mesmos, havendo um caminho para a alcançar, mas basta mudar um pouco para tudo voltar a ter um novo início, e um novo rumo ...




terça-feira, 9 de julho de 2013

Todo o ser humano tem uma Caixa de Pandora


Eu quero-te próximo, mas distante. Eu desejo-te mas não me pegues. Preocupa-te mas não me sufoques. Ama-me mas não te vicies.

Apaixonante e tenebroso sentimento. Tudo o que se sente tem conta, peso, e medida. A muitos consegue-se pedir mais um bocadinho, a outros o excedente já se torna obsoleto. Não dá para nos colarmos infinitamente, porque é monótono, e não há bolo que resista com farinha tão moída.

Amigo, amante, companheiro, irmão... não importa o laço, interessa o nó que se dá a cada relação. Seja ela fruto de um grande amor, ou uma conjuntura de ocasião não se desgatem, não peçam o máximo a quem não consegue lá chegar, não deêm a mão a quem não confiam, porque marchar em terras movediças é um perigo incalculável.

Dar um pouco mais a algumas pessoas implica conhecer mais do que a vista alcança, implica saber quem é o nosso aliado na nossa sombra, implica desvendar a definição de amizade quando o nosso segredo mais profundo vier à tona.

Não mostrem o jogo na primeira mão, dêem trunfos a quem vos dá protecção, mas nunca partilhem da "chave-mestre" para decifrarem o vosso maior enigma. Se tal acontecer, a caixa de pandora está oficialmente aberta ...

domingo, 23 de junho de 2013

Um Risco Incalculável


Inacreditável quando tudo aquilo que nos passa pela cabeça começa a tornar-se (perigosamente) verdade, quando a história que quisemos narrar ganha contornos reais, e mais esquizofrénico se torna quando desafiámos o inexistente a aparecer e, subitamente, ele está diante de nós.

São por vezes sinistros os caminhos que uma pessoa percorre para conseguir algo que não sabe o que irá advir da descoberta, que vorazmente desejou fazer. Por vezes agarrar o céu num abrir e fechar de olhos pode tornar-se num risco incalculável...

Desafiar o destino é um erro malicioso que pode custar muitas vezes um passado, um presente, e um futuro. Afinal querer mais pode ser o reverso do ganho. Talvez, demasiado cedo para afirmarmos que representa um prejuízo, mas definitivamente não perguntemos o Porquê, porém quando pedimos a incógnita, aparece diante de nós uma Caixa de Pandora. Uma adivinha que nos pode levar a abdicar de tudo,  ou simplesmente a refazer um pensamento que outrora apelidámos de objectivo.

A gula de conseguir tudo em dois dias é um pecado que se paga com juros sobrecarregados, porque o Homem dá um passo de cada vez, em solo firme, porque pular para o abismo é sinal de que a nossa escolha é irreversível...  


quinta-feira, 6 de junho de 2013

TODOS SOMOS FRONTAIS (cada um à sua maneira!)


Todos o assumem, ninguém o nega. Porque é defeito, porque é sinónimo de fraqueza, porque não fica bem, e cai mal pelo ditame social. Nunca se ouviu alguém dizer: "eu não sou frontal"... uma vez que todos são.

Para as diferentes formas de frontalidade, artistas distintos: 

- Há os seres frontais que mostram a sua irritação, mas nunca se desmancham perante o próprio. Dão a conhecer a sua versão dos factos a amigos/conhecidos, e esperam que estes de alguma forma façam chegar a sua posição ao réu! 

- Há os seres frontais que levam tudo a eito. Pouco importa se são bestas ou bestiais, porque para estes não interessam quereres ou interesses de outrem. 

- Há os seres frontais que são os Senhores do Mundo. Aqueles que opinam sob a forma de lei, e não esperam réplica. Soberanos, não puxam nem ao diálogo nem há discussão.

- Há os seres frontais que ouvem e fazem-se ouvir. Sob a forma de conselho, certo ou errado, dizem o que pensam. Opinião pessoal ou um princípio de verdade? Estes são aqueles que opinam mesmo quando não são requisitados a tal. Apresentam uma alternativa ou um dispositivo argumentativo, mas muitas vezes pensando que estão a apresentar um veredicto, que é simplesmente incontestável.

Frontalidade é sinónimo de sinceridade?

Porque há seres frontais que opinam destilando ódio, irritação e sobranceria sobre os outros. Pessoas frontais que vestem a mentira, meias-verdades, pareceres duvidosos para ofender e agredir ... sob a capa da frontalidade. 







domingo, 7 de abril de 2013

A SIMBIOSE PERFEITA ENTRE AMOR E ÓDIO


Os dias passam, uns com mais histórias para contar, outros com mais peripécia, e definitivamente dias em que se acorda para terminar dizendo "mau dia para ter ligado o despertador".
Tudo tem um prazo: a vida, a amizade, a paixão, um filme de Alfred Hitchcock, ou a mais bela ópera que decorre em Viena d' Áustria. Olha-se para o mar e vê-se o infinito diante de nós, aquilo que nunca chegamos a alcançar, pela distância impossível, pelo objectivo remoto de conseguir atingir o céu.
Somos humanos, somos carne que apodrece, corpos que terminam em cinzas, almas que desaparecem no tempo.

Nós somos a construção de quem nos rodeia. Se nascemos para amar, igualmente crescemos para odiar, partilhar, desprezar, mergulhar numa festa de risos, ou num cemitério de lágrimas. Queremos o melhor para nós porque o egoísmo não nos permite fugir da tentação - um centro de felicidade de constante.
Vamos aproximando de quem nos faz sorrir mais vezes,  marginalizando o nefasto e as amizades de bolor. A vitória chegará ao ver e ao ter-te diante de mim, ao fazeres-me sorrir como da primeira vez.

O maior defeito do ser humano: esconder a verdade. Aquilo que mais gostamos é copiar o outro, ser um robot, um ser que abomina sentimentos e relações de afecto. Devemos aprender a expressar palavras de amor, e sermos cruéis quando assim é necessário.

Infelizmente, nasci para ser lamechas quando amo loucamente alguém, e uma besta quando fazem aquilo que detesto. Um desabafo que não apaga as mais puras e singelas palavras que aqui foram ditas.

domingo, 10 de março de 2013

UM CHÁ BEBE-SE EM SILÊNCIO!

Margareth acordou, mais cansada do que adormeceu. Fatidicamente olhou para o lado, e na cama assolava um corpo, indiferente e inócuo. Em passo apressado, entrou na banheira, ligou a torneira de água quente, e deixou a água escorrer no seu rosto pesado e esquálido. De olhos fechados deixava escorrer a espuma pelo seu corpo, suas mãos abraçavam o tronco, e sua cabeça girava ligeiramente. A mão esquerda acariciava o seu pescoço. Num bálsamo, a sua relíquia de banho foi subitamente interrompida... 

Abraçou a toalha, enrolou-a e prensou um nó junto aos seios, firmes e molhados. Suas pernas tilintavam de frio. Ao sair da casa de banho vislumbrou Thomas, em mais um dos seus ataques de tosse contínuos, proferia palavrões, e de forma birrenta declamava mil e um favores. Diariamente ouvia sempre os mesmos queixumes. Aquilo a que um comum mortal chama pedir ajuda, ela designava vandalismo verbal. 

Como em tudo aquilo que o ser humano pega, a vida tem um terrível defeito - o desgaste contínuo do tempo. À medida que os dias vão passando as vozes da rotina tornam-se quezilentas para os ouvidos, o encontro com o contínuo torna-se banal. Desapego, desprezo, descrença. 

Definitivamente ela decidiu ignora-lo. Deixou cair a toalha, percorreu o quarto nua, com os pés ainda molhados, até chegar ao seu destino. Abriu o armário, retirou o seu vestido azul petróleo. Em dois golpes, vestiu a sua roupa interior, e deslizou a sua vestimenta no corpo em contornos fugazes. Em passo apressado secou os seus cabelos encaracolados, aproveitando a ida para massajar, e colocar as suas collants pretas e opacas. O ritmo ácido e voraz das palavras de Thomas estavam a deixar Margareth impaciente. Ainda não estava preparada. E faltava ultimar os derradeiros pormenores.

Finalmente pronta, sentada na sua poltrona, diante da sua escrivaninha, mirava o esgar de dor do seu "adorado" marido. Imperial, e sem esperar, Thomas foi atropelado pela ira da mulher, após esta o sentenciar com um grito fulgurante. De forma sôfrega ele pedia auxílio, os ataques de asma aglomeravam-se aos pedidos de insulina.

Já não há solução para o actual, aquilo que se vê é cansaço, o que se sente é teatralizado. Os sorrisos de escárnio e o ritual diário chegariam ao fim. Pede-se revolução, e sem hipocrisia desmascara-se o mal, e todo o desgaste resultará em vingança!

Tudo demorou curtos mas longos segundos. Rapidamente apertou o gatilho, todavia o som se prolongou de forma espessa no tempo. O sangue começava a escorrer pelo braço esquerdo. Descaído até ao chão, a madeira da cama ficou tingida de vermelho. A camisa ensanguentada, de olhos abertos... e um leito que parecia o mar vermelho em ponto pequeno. 
Tranquilizou-se, soprou para o arrefecer... ainda quente pôs-se de pé. Levou a chávena à boca e saboreou o chá de camomila. De súbito descolou a caneca dos lábios ... "Thomas com ou sem açúcar?".

E o silêncio perpetuou. 


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A QUEDA DA IMPERATRIZ


A sua autoridade caíra por terra. Os seus lábios escurecidos, sua pele tornara-se fria, o seu eu já não reflectia conforto, nem a estranha sensação de conquistar o sonho. Preparava-se, em pequenos compassos, para a gala, aquela em que vestiria a máscara, talvez pela derradeira ocasião... aquela que ruiu, como um colapso, na noite anterior.

Ela sabia os caminhos que percorria quando se aventurou naquela estrada perversa, mas que a consumou de forma voraz. A mulher que vestia sobranceria, e se maquilhava habitualmente com a sua tenacidade, despiu a sede de poder pela fome do prazer, que lhe escapou por mais de duas décadas.
A sua rigidez foi desmascarada, e envolta num corpo que a arrebatou, e desmistificou o rosto vingativo que a sobrecarregava diariamente. 

A maldade, e o súbdito desejo de corromper a vontade alheia fundiram-se na mais dramática, e especial vitória do seu querer,  da sua ambição... O seu estrelato de ódio e sarcasmo mergulharam na exaustão do orgasmo, no perfume que a cobriu de uma estranha e nova felicidade. Tudo o resto passou a supérfluo. Aquilo que um dia se tornou prioridade se transformou em migalhas obsoletas.

Os seus vestidos permaneceram negros, mas a nostalgia escapou para outros labirintos, o seu charme tornou-se eloquente, a magia cobriu-a, e a dama negra deu asas ao belo cisne. A cor pouca importa para definir tudo aquilo que conquistou numa noite. Mas o seu olhar voltou a reluzir um óasis raro de felicidade.

Para quê atravessar um caminho de tumulto. Ela manteve a volúpia, mas não se apaixonou pelo ódio da vingança, apenas diluiu a revolta no desejo de querer mais um sorriso. Se há mágoas que não desaparecem, há prazeres que esperam por nós. Não evitemos uma conversa, criemos um novo assunto, não sejamos acéfalos e descartemos alguém, sejamos sábios e encontremos a semelhança. A Imperatriz não é uma virgem ofendida. A astúcia define o seu poder, e a sua inteligência designa a duração do seu reinado. 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O MELHOR É AQUELE QUE NÃO DESISTE, AVENTURA-SE!


Poucos dias decorreram após a assinatura do divórcio. Começou por deglutir uma mágoa profunda, antecipou uma tentativa de suicídio, e regozijou-se com uma caixa de depressivos. O passado pelo qual denominou de catastrófico, foi somente uma pausa, um intervalo entre o pôr-do-sol e o nascer de um novo dia.  Atravessou um estado de ira, fixou nostalgia ao seu redor, colou-se ao desprezo, e por fim, resumiu a sua derrota numa desilusão, numa aprendizagem sem retorno.

Tudo isto não é mais do que um capítulo numa gigantérrima epopeia. Não valerá a pena rasgar o livro, se apenas uma resma de páginas estiver mal escrita. Para quê destruir, se basta modificar o insólito. Ser radical, criar sentimentos exacerbados, movimentar avalanches, apenas aumentará o risco de hematomas malignos, dores efémeras, mas com efeitos colaterais mais complexos, e uma revolta que indesejável e escusada, deixará o ser humano mais insuportável do que ele já é.

Terminar uma partida e reconhecer o desaire é meio caminho andado para conquistar a próxima batalha. Congratular o inimigo em vez de o insultar não é burrice, é antecipar a próxima jogada. Ser paciente e racional não deve ser opcional, mas caminho fulcral para atingir a vitória seguinte. Apagar o passado é um erro, aprender com o mesmo é sinónimo de sabedoria. As pessoas são a nossa maior desgraça, mas igualmente a preciosidade em peso bruto. Quem desiste de perceber o nosso semelhante é fraco, e esconde-se na sua superficialidade. Devemos aproximarmos, regozijar com a presença de outrem, e saber recolher os melhores frutos de quem está próximo de nós. 

Um pequeno segredo: o defeito é banal, as virtudes são raras. Ser exageradamente racional é burrice. Ser um puro sentimentalista é herança proibida. Aventurem-se, não perguntem o porquê, quem sabe o que ainda irá descobrir no estranho mundo da diferença. Talvez a cura da sua dor! 



domingo, 10 de fevereiro de 2013


A FALTA QUE ME FAZES


Alguém um dia atribuiu a palavra amigo à(s) pessoa(s) que nos complementam. Aos que dão, aos que tiram, aos que marcam, aos que se resignam, aos que dão esperança, aos que se resumem a episódios efémeros, e simplesmente aos únicos que dão a vida para nos terem.

Sem explicação racional, ele percorre um labirinto, uma justificação, porém ela não existe. Numa peça diferente das restantes, o dominó ganhou nova direcção, uma injecção de confiança suplementar, o alguém a quem designou “amigo, irmão e, igualmente, pai” acrescentou nele um semblante de magia, carregado pelo olhar, pela protecção, pelo laço que os uniu. Se não há explicação para o inenarrável, então torna-se ainda mais complicado decifrar tamanha relação.

Amigo escreve-se com “A” maiúsculo, quando aquele que banalmente o acompanha na sua rotina decide acrescentar momentos de vitalidade, suportar a sua dor, a sua ira, a nostalgia suprema, e que é capaz de o reverter em algo diferente do imaginável. Ele está lá para o trazer, a partir de um oásis escondido no vazio, de regresso à superfície.

 Mas a redoma não é feita de chumbo e os vidros que a cobrem, simplesmente se  partem com a mesma facilidade a que se juntaram. Num rasgar de surpresa, aquilo que foi  alegria exacerbada, se dilui em mágoa, e doravante tornar-se-á uma saudade dissolvida pelo tempo.

Um pequeno segredo: devemos guardar sempre o melhor daquilo que nos dão, o pior foi só uma falha, com maior ou menor sofrimento. As feridas saram, a cicatriz fica, mas os momentos de extrema exultação, ninguém nos tira da memória.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

CEMITÉRIO DE DRAMAS


Quem inventou a estirpe humana devia ser condenado ao exílio. Vamos lá ver, o ser a quem todos denominam como ser intelectual, dotado de capacidades exclusivas, tornam estes "lords do universo" num pedaço de carne e osso temido por todo o Reino Animal. A aberração para além de matar e violar a liberdade alheia (algo que já é banal no mundo selvagem), desfaz o seu próprio habitat em cinzas.

O ser humano precisa de comer, beber, reproduzir, ser amado, socializar, e tudo aquilo que faz um de nós igual a tantas outras espécies. Todavia o meu semelhante procura envenenar, enraizar dor, catapultar revolta, transformar pequenos abismos num cataclismo global. Aquilo que todos idolatram - o sentimento - pelo qual extravasamos mil e uma cores de amores e dissabores converte-se num simples toque de mágica, na maior peça de drama. 

O ser humano quando nasce, se desenvolve, e enlouquece com o passar dos anos deveria aprender a racionalizar tudo o que sente. Chega de questionar, de aclamar a sua demagogia, de pedir clemência ao seu inimigo, de regozijar tudo para si, de se satisfazer apenas com a dor de outrem.

O amanhã poderá transformar o pior inimigo no melhor aliado, tornar o fruto a quem chamamos proibido no nosso maior e mais desejado apetite carnal.

O ser humano deve aceitar o próximo desafio, negligenciar a sua mágoa, mergulhar na sua imaginação, e jamais recusar um convite. A sua presença deve tornar-se assídua, seja em que palco for, porque o dia que nos espera após o despertar poderá  reservar-nos uma esquizofrénica surpresa.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Afinal o que é uma relação?


Conversa ali, conversa acolá, beijinho mais acima ou mais abaixo, com maior ou menor intimidade ...
Uns apostam na liberalização, outros num regime ditatorial, havendo nichos que se inclinam para casos extra-conjugais, complementados com relacionamentos a três, a quatro, enfim o que der mais satisfação e arcaboiço ao casal.

Na classe dos comprometidos deparo-me, diariamente, com vários detalhes que definem estes conjuntos binários. Vislumbro ciúmes, sorrisos, gargalhadas, manifestações de afecto, que vão desde o mais singelo abraço ao beijo mais requentado e prolongado. Existem as lágrimas, o simples dar de mão, o carinho facial, o abraço mais ternurento, ...

As personalidades de cada um definem a simbiose do relacionamento. A junção dos dois impele comportamentos distintos, consoante os moldes em que cada um se insere e caracteriza.

Talvez o mais importante. Uma causa advém uma consequência. Um gesto, ou a ausência do mesmo, dá origem a uma sequela. Não se trata apenas de ciúme, mas de expectativa, daquilo que estamos à espera que a outra pessoa faça por nós. Um mês de ausência, uma mensagem ignorada, uma chamada recusada, uma data esquecida, e uma relação guardada numa gaveta... não foi terminada, mas alguém ou os dois se esqueceram de algo. Amar-se reciprocamente. Mas o revés também existe. Se os dois pactuarem neste silêncio, e reencontrarem a alegria e a satisfação, quem os irá recriminar pelas duas semanas em que não se falaram?

O mais importante é o prazer mútuo, a forma como as partes irão lá chegar varia. As personalidades de cada um definem o rumo, mas há várias direcções para chegar ao fruto mais apetecido.

domingo, 27 de janeiro de 2013


POUCOS ESCAPARÃO DA BARCA DO INFERNO    

       O Homem é cruel todos os dias, sedento de poder a cada minuto que passa, mas a habilidade que o domina é diversa e curiosa. Há os que se aproveitam da bondade alheia, os que se deliciam com os bons amigos, os que conservam paixões para a vida, e simplesmente os que desejam amizade eterna há procura de um “porto seguro”.

         Hoje em dia, o que nos surpreende é a maneira ardilosa como o ser humano procura saciar a sua sede. Nós não existimos para sermos felizes, apenas para disfrutar da sorte do destino. Aquilo que objectivamos é a vida mais tranquila possível, porém no final da corrida só restarão as cinzas envelhecidas pelo tempo. Os que desejam amar, e viver recolhidos pela sombras conseguirão somente recolher mais sangue lacrimal do que os restantes. No  término dos seus dias, a busca por uma “vida feliz” custou aos românticos o opúsculo da nostalgia.

         Restam os obstinados pela avareza e pela volúpia, a esses o destino encarregar-se-á de os premiar com a sorte grande ou a barca do inferno. Os que nasceram para morrer, os que vieram para disfrutar das suas maravilhas. Afinal, só há espaço para “meia dúzia”... a vida é a ingratidão, mas igualmente a satisfação para os minoritários.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VIVER COM O ABRAÇO DE ALGUÉM


A última noite a dormir cerrado num cubículo, coberto de cobertores imundos, de um cheiro nauseante, conspurcado pela roupa suja, e os dejectos de dias. Um cenário medonho, em que o cheiro ultrapassava em muito o que a vista tinha de suportar. 

Com um sorriso de escárnio relembrou o momento que o tinha levado para a prisão. A mulher carregada de volúpia, de semblante frio, transportando um ódio incomensurável pelo seu filho. Aquele que ele mais amava, a mais bela das "damas negras" fez questão de rasgar a sua felicidade, a sua justificação de vida. Preso por 11 anos, por homicídio qualificado, o homem de barba grisalha, mãos rudes, com peito peludo e tonificado, guardava para si o sangue do filho a esvair nos seus braços, e o sarcasmo da sua vingança.  Sem contemplações, ele massacrou-a, torturando-a lentamente, para que o seu gemido se prolongasse o mais lentamente possível. Para que cada lágrima escorrida, cada grito de suplício, cada pedido de ajuda fosse cada vez mais prolongado de misericórdia. A sua dor foi contínua até ao último pedido de sacrilégio. O Diabo levou-a para o quinto dos infernos, porque ela saiu do mundo queimada pelas chamas da vingança. De um pai enfurecido, de um pai recheado de ira, de um pai a quem tinha sido retirado a sua explicação de vida. 

Ele saiu do Estabelecimento Prisional, e com a trouxa presa no seu braço, caminhou pelo passeio sem direcção, com um destino ainda por descobrir. A 500 metros de onde se encontrava, parou diante de um jardim infantil. Os seus olhos voltaram ténuamente a brilhar. Onze anos depois, debaixo dos primeiros flocos de neve que começavam a cair, ele viu um motivo para sorrir. Aproximou-se de um baloiço, sentou-se, e de forma ritmada colocou-se em andamento. As suas memórias recuaram em direcção ao rosto, à gargalhada barulhenta , à correria desenfreada de seu filho... 
Os ponteiros do relógio giravam velozmente, e sem dando por isso ficou envolto pelo frio gelado da noite que se iniciava. De repente, e convicto de que era uma miragem, a criança que baloiçava a seu lado parou, e dirigiu-lhe a mão. Timidamente, o miúdo perguntou: "O Senhor precisa de ajuda?". De lábios gretados, suas mãos estavam roxas, o seu rosto coberto de feridas, e as suas forças nem o permitiam colocar-se de pé. O homem não conseguiu responder, e simplesmente, chorou. Só as suas lágrimas conseguiram socorre-lo sob aquele pedido de ajuda.

Desconsolado, o homem ficou ali, quieto, não se movendo, a noite cerrou, e o seu futuro estava certo. Cada vez estava mais próximo de abraçar o seu filho.




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Qual é o preço a pagar para ter quem se quer?


"Aquele cheiro que percorria o seu corpo, a estranha sensação de prazer que o deixava cada vez mais entrelaçado, suscitava a dúvida e cobria-o de repulsa. Ela penetrava no seu olhar, e apenas observava os seus ruidosos orgasmos esvaírem-se como notas musicais. A canção a chegar ao fim e nada do que se tinha ali passado o deixou sequer perturbado, ou encoberto numa sensação súbdita de alegria. O seu pensamento percorria outro corpo. Na clandestinidade ele observava o seu rosto, acariciava a sua pele, tendo a sensação pura e única que aquele momento haveria de chegar."
(...)



A Dor de Sentir - Os Sete Casos de Charles Levy

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vagabundos à Solta


"O frio aperta, a roupa já não o aquece, e ziguezagueando pelas pedras gastas da calçada caminha sem rumo, sem destino...
O alcool já não o consolava, as conversas resumiam-se a palavras banais, o sonho transformou-se num pesadelo real."

O que leu aqui foi um desabafo de um sujeito depressivo, sem paixão por ele próprio, e pela vida que o rodeia. Nada disto faz sentido. Quem decide o futuro deste rapaz moribundo? Ele próprio, se quiser acordar a tempo.

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A roleta parou de girar. A sorte ou azar decidia-se no próximo minuto. Ela caiu de rompante, após ter sido afirmada a sua sentença. O desespero, as palavras de revolta, o seu absoluto transtorno transformou-me num soluçar constante. A sua noite terminou: caída numa sarjeta, sem uma solução à vista.

A rapariga que decidiu confinar o seu destino ao jogo, acabou presa na sua própria armadilha. A última tentativa de vitória desaguou numa redoma de escuridão.

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A última história é diferente das restantes. O final não termina numa missão suicida, nem no cadafalso, nem num mísero capítulo depressivo.

O rapaz, encolhido pela sua timidez, estava cercado de alguns amigos, mas sobretudo pessoas desconhecidas. Numa conversa sem nexo, ele foi-se libertando, e desafiando os restantes para se aventurarem num jogo. Mas o perigo do jogo levou a que apenas restassem dois. Confrontados pela sua valentia, aventuraram-se num labirinto sinuoso. Um caminho com duras consequências. Perante o desastre, a ilegitimidade das suas acções, o medo apoderou-se dos seus corpos. Apesar de gostarem de ser desafiados, eles fugiram velozmente, sem destino em mente.

Apesar da gravidade do acontecido e do arrependimento, eles tiveram a maior prova de amizade: mesmo no crime, eles estiveram juntos. Tudo valeu a pena.




quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A Água da Vida

Hoje, ao vislumbrar as garrafas que estavam expostas simetricamente no armário de vidro, fiquei com o meu olhar preso a uma bebida em especial. Olhei para a televisão, um par de vezes, mas incontornavelmente a minha atenção voltava-se para ela. Situada estrategicamente a garrafa de vodka branca consumou por completo o meu pensamento.

Levantei-me, peguei-lhe e pensei - pareces tão simples, tão ingénua, tão pura e cristalina, mal sabe o provedor a tua verdadeira intenção. Com um elevado teor alcoólico, a inocente "água da vida" pode transformar os nossos neurónios em cinzas, segundo, evocar aquilo que nós não desejamos, e por último, dizer verdades proibidas. Aquelas indesejadas e incovenientes, e para piorar acabamos por revelar "o que não se deve", à pessoa mais escabrosa que nos aparece pelo caminho.

Enfim, mas regressemos ao ponto de partida: eu peguei na garrafa, abracei e disse que a amava. Não, não não ... nada disto ... POR FAVOR NÃO! O meu amor por bebidas alcoólicas é grande, mas não supera a minha paixão pelo sexo! Ora vejamos com um copo de água  à minha frente. Água, sim, mas da vida!  Pousado na minha cabeceira, lá está tão cálida e transparente, de forma inocente e dissimulada.
O que os olhos veem, o paladar sente a dobrar, mas as nossas lembranças, o nosso passado, o pior de nós não se dilui com um simples "copo de água".
Mais do que uma vodka, a vida precisa ser encarada de frente, mas também já alguém afirmou que a água que sai pela torneira cura alguma ferida?!

Por isso... (o próximo capítulo desta história é um degredo!)



terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O INEXPLICÁVEL NÃO SE EXPLICA

 
Percorrer as mesmas ruas tornou-se entediante. Ver lojas a fechar a cada dia que passa ficou recorrente, mas nunca desistiu de fazer o mesmo caminho. 
Numa das suas tradicionais jornadas o homem de cabelo farto e espesso, de olhos cinzentos e pele bronzeada, encontrou uma inequívoca razão para travar a sua marcha. Diante de si uma mulher elegantemente vestida espreitava, minuciosamente, para o interior de uma ourivesaria fechada. Ele aproximou-se, estrategicamente, e ficou atónico a olhar para o vidro, tentando captar o reflexo da jovem mulher.

Subitamente, ela abriu a velha porta que rangeu de tanto desuso. Com os seus sapatos de cor escarlata, cada passo que dava era o aproximar sorrateiro do homem musculado e seco. Os seus olhares encontraram-se numa sala anexada ao balcão de serviço da loja. Numa espécie de escritório, com poucos metros de espaço, aquilo que apenas se via passou a ser tocado. Aquilo que parecia ser uma primeira vez cambiou para um reencontro. Jamais trocaram uma palavra, mas continuamente ao longo de dias, semanas, e meses, a atracção tornou-se descontroladamente inexplicável.

Sem razão lógica os seus braços fortes, e as suas mãos rudes, foram de encontro aos seus joelhos esculpidos em linhas disciplinadas . Em movimentos vorazes o seu vestido subiu trepidantemente. Ela, com suas mãos suaves e uma textura de pele agradavelmente doce, apoderou-se do seu corpo. Os seus dedos percorriam e puxavam de forma contínua os seus cabelos. E numa altura em que gemiam e aclamavam a sua conquista, os dois foram exauridos de corpo e alma. Os seus longos cabelos descolados para trás da secretária, sua boca encostada à dele, seus corpos humedecidos pelo prazer, e sem pronunciarem uma única palavra, alcançaram um oásis inexplicável. 




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Não há solução para deixar de amar

Quando alguém erra deve surgir o perdão. Quando alguém suspende o sorriso deve surgir um porquê. Quando alguém chora ... é ...  abraçar a pessoa fortemente, e esquecer tudo o resto.

Amar implica prescindir dos nossos ressentimentos, e dos erros que o outro cometeu. Quando se ama de verdade prescinde-se da memória, e eterniza-se o voto. A ligação não é eterna, mas dificilmente o sentimento desaparecerá, apenas ficará suspenso no tempo.

Amar alguém implica entrega total, sem pensar no dia de amanhã. Não interessa o que temos de fazer, a sua felicidade está sempre acima da nossa. Ligado a uma pessoa significa pensar nela a cada minuto que passa, quando o seu nome se sobrepõe a tudo o resto, quando desejamos fazer tudo por ela, quando existe apenas uma solução, e a única opção é salva-la.

Pode amar-se mais do que uma pessoa. Sim, claro que se pode. Há solução: só para as ajudar e estar lá sempre que elas desejarem. A separação acaba sempre por acontecer, mas o sentimento nunca desaparece. Mesmo que nós queiramos, o nosso coração não obedece.

Lá está, a dor de sentir...
Amar é inexplicável ...


Dia após dia, a menina de olhos castanhos, cabelos claros e encaracolados, se sentava naquele banco há mesma hora, no exacto local onde viu partir quem mais a queria. Não perdeu a esperança no regresso, na vinda do tão desejado... Mantinha o mesmo olhar, distante e focalizado no horizonte.

Onde habitualmente se sentava via idosos de mãos dadas, ouvia gargalhadas, crianças a brincar, gaivotas a sobrevoarem os céus, o mar revoltado numa luta contra si mesmo, e no fim guardava o estalido das ondas nas rochas, cada vez mais decalcadas pelo tempo.

Ela permanecia quieta no seu porto de abrigo, mantinha a rigidez do seu rosto, não soltava um sorriso, um suspiro, nem simplesmente uma palavra de revolta ou alívio. Dias, meses, um ano passou. As pessoas já não eram as mesmas, o sol escondia-se envergonhado, a noite trazia consigo o frio que a arrepiava, e que a fazia relembrar. Ouvia a música, sempre quando o sol se punha. A mesma música, todos os dias sem excepção. As suas mãos gelavam, os seus dedos mal se sentiam, a sua boca carregada de feridas, e os seus olhos começavam a brilhar cada vez que a ouvia.

Sem cansaço, sem dor, sem nostalgia, aquele momento trazia-o de novo à memória. Relembrar as sombras, a imagem que a fez feliz, a música que os unia, as suas últimas palavras de felicidade. Ela sorria timidamente, contra a força de seus dentes que tilintavam, e cada vez que a letra chegava ao fim somente via pequenas lágrimas a escorrer pela face que ,sorrateiramente, o vento se encarregava de as levar.

Aquilo que ela não exprimia, a canção dizia. Após o dia da sua partida, ela relembrava-o. A esperança mantinha-se, e sempre no mesmo local, ela esperou ansiosamente pelo seu regresso.

sábado, 5 de janeiro de 2013

KAISER 69


Antes demais pare... sim, pare de pensar! A sua mente é descontroladamente sexual. Mal vê este número, um virado para cima, outro para baixo, pensou na mais sensual posição de encaixe. Sim, e não minta porque no recôndito do seu pensamento você já se estava a imaginar a fazer tal coisa!... BEM PAREMOS POR AQUI! Nunca gostei de desvendar os detalhes, sabe... não é para me gabar, mas quando alguém está satisfeito com o que tem, não precisa de saber o que se passa em casa alheia, neste caso em lençóis alheios! 

Recuemos, façamos de conta que está a ouvir a Marta Crawford falar de sexo (ou pelo menos a tentar), entra o Henrique Feist e começa a fazer dobragens, e para completar o cabaz tem Gisele Bündchen de um lado e Leonardo DiCaprio do outro. Com isto, você ficou a pensar várias coisas: "ok, este tipo é chanfrado, e já não consegue medir o seu juízo", "falar de sexo é o seu hobbie" (É mesmo, BINGO!), "vou-me embora, não estou para ficar acéfalo" ...

Já acabou?! Já chega de críticas? E agora sou eu que me interrogo: quem me diz que você não foi ao google, agora mesmo, procurar imagens da Gisele ou do Leonardo, e a esgotar o stock de papel que tem ai em casa?? Ah pois, não gostou das ofensas! Então, pare, não pense, mas continue a ler (se o meu cérebro estiver acordado, agradece). Você já imaginou o que seria ter o corpo da Bundchen, com a cultura geral da Marta, e a voz gutural do Feist! Bem, mil orgasmos nem chegariam para chegar a 2014 em carne e osso! Antes de mais "gutural" - voz rouca, grave, imponente... (o Feist disse que me punha a cantar junto à Bela se eu dissesse isto...). Enfim voz, belas mamas.... Corrijo! Belo corpo, belas curvas (esperem aí, vou acender o ar condicionado, está a ficar muito calor aqui) ... com a voz do Henry e as conversas da Crawford MAMMA MIA! 

Esperem lá o DiCaprio? Afundou... Esperem ai, que eu vou lá busca-lo! ... Por favor não me molhes o chão, foi limpo recentemente e eu não tenho culpa que nos filmes do James Cameron não haja lavagens a seco! E por favor, VESTE-TE! Bem com este as senhoras poderão derreter-se (o tipo está gelado... não sei como o vão tornar num vulcão!?), os senhores, enfim, podem brincar com o que têm colado ao corpo (há que respeitar a diversidade), os hermafroditas (os ou as ? ... bem isso agora também não interessa!), bem esses nem têm tempo a perder, com a pluralidade de tecidos que compõem os seus criativos corpos! Sempre na brincadeira, malandros... 

Bem, mas se preferirem, e para não deixar ninguém de lado, as Virgens Ofendidas e os Sobredotados poderão ficar com o Marcelo, o Cavaco, e a Odete Santos ... Serão bastantes intelectuais, na Assembleia vão arrasar, na Tv vão curar tantas insónias... e na cama!... Bem... falemos para a semana, agora vou pagar os meus honorários à Gisele!